História do Mogno Africano no Brasil




O mogno africano chegou ao Brasil pelas mãos do ministro da agricultura da Costa do Marfim em 1977. “Uma comitiva estava visitando a região amazônica e passou pela sede da Embrapa Oriental, em Belém do Pará (PA). O homem enfiou a mão no bolso de sua túnica colorida, tirou umas sementes e me deu. Ele disse que aquilo era puro ouro verde”, lembra o pesquisador Ítalo Cláudio Falesi. “Fui no quintal da Embrapa e plantei a árvore. Hoje, ela está gigante, com um diâmetro imenso, é a mais antiga árvore de mogno africano no país”, afirma.

Falesi se aposentou, mas não abandonou a árvore. Ele investiu em 125 hectares de mogno africano em uma propriedade particular e hoje, já tem sementes da espécie para vender (o quilo da semente custa em média R$ 2 mil), mas dedica principalmente em estudar doenças e pragas da cultura. São poucas, segundo ele. “Os principais problemas são asformigas cortadeiras, que causam um prejuízo tremendo, e a broca”, explica. “Mas se o produtor fizer um trabalho preventivo, principalmente com as formigas, o mogno africano terá um custo baixo para quem produz”. Falesi também afirma que a árvore é resistente a doença que divide o tronco ao meio, como ocorre na maioria das espécies nobres.

Estes custos, segundo o agrônomo Canrobert Tormin, de Goiânia, são surpreendentes. Segundo ele, que trabalha com mudas destas e de outras espécies nobres, um hectare plantado com mogno africano, após 10 anos, teria um custo de R$ 22,5 mil e, neste mesmo período, o retorno por hectare é de aproximadamente, de R$ 400 mil (veja tabela). “Cada árvore desta espécie produz em torno de 20 metros cúbicos de madeira serrada por hectare por ano e, ao longo de 15 anos, a receita do produtor pode superar os R$ 400 mil, desde que haja um acompanhamento severo durante o crescimento das árvores”, destaca.

O mercado de madeiras nobres no Brasil tem se mantido aquecido. De 2002 a 2007 houve um aumento de 83% no preço das madeiras e esta tendência está se mantendo, segundo o índice Cepea. Tavares, de Pirapora, segue este foco. Sua meta é produzir madeira para o mercado interno. “Claro que há boas chances de exportação, principalmente paramercados europeus e americanos, mas com o crescimento do mercado nacional, o produtor não precisa se preocupar com o mercado externo, pois ele tem boas oportunidades de vender esta madeira no mercado doméstico, com bons preços”, afirma. O mogno africano é destinado à fabricação de movelaria fina.


Das terras do Pará, a plantação se espalhou também para o centro-sul do país, chegando a Goiás, Minas Gerais, São Paulo e Paraná. Em solo mineiro, onde o cultivo da espécie começou há cerca de seis anos, avançou sobre terrenos anteriormente ocupados por parreirais.

De fuste retilíneo – característica importante para uma espécie madeireira –, o mogno-africano ainda leva vantagem sobre seus pares que pertencem à mesma família Meliaceae, como o próprio mogno- -brasileiro, o cedro (Cedrella odorata) e a andiroba (Carapa guianensis). Também fornecedoras de madeira de qualidade, essas espécies são, no entanto, mais vulneráveis ao ataque da broca-das-ponteiras (Hypsipylla grandella), favorecendo a emissão de ramos laterais e tornando o tronco curto, o que faz com que os exemplares percam valor como produto madeireiro.


RAIO X
>>> SOLO: de terra firme
>>> CLIMA: tropical úmido e subtropical
>>> ÁREA MÍNIMA: pode ser plantado em sítios, chácaras ou fazendas
>>> CORTE: 15 a 20 anos após o plantio
>>> CUSTO: o quilo das sementes varia de R$ 1 mil a R$ 1,5 mil

MÃOS À OBRA
>>> INÍCIO É possível plantar mogno-africano em sítios, chácaras ou fazendas. Porém, por se tratar de árvore de grande porte, não é recomendado o plantio próximo a casas, galpões e redes elétricas e de telefone. Devido à pequena produção nacional, o quilo das sementes custa de R$ 1 mil a R$ 1,5 mil. Se for necessário, podem ser armazenadas por mais de um ano, mas precisam estar secas e envasadas em embalagens à prova de vapor d’água, além de mantidas em câmaras frias ou geladeira, sob temperatura entre 5º e 8 ºC.
>>> PROPAGAÇÃO Ocorre por sementes. As mudas são formadas em sacos plásticos, com tamanho mínimo de 15 centímetros de largura e 25 centímetros de altura. Eles devem conter substrato feito a partir da mistura de solo com esterco, na proporção volumétrica de 4 para 1 – ou 80% de solo e 20% de esterco. Como alternativa, as mudas também podem ser produzidas em tubetes, com capacidade para 260 centímetros cúbicos. Para esse tipo de recipiente, são indicados substratos comerciais enriquecidos com adubo químico. Quando plantadas em campos, as mudas acomodadas em tubetes têm crescimento inicial mais lento, mas logo se recuperam e, ao fim de um ano, alcançam altura semelhante às das mudas que utilizaram sacos plásticos. Em ambos os casos, as mudas estão prontas para o plantio quatro meses após a germinação ou cinco meses depois da semeadura.
>>> PLANTIO O mogno-africano tem bom desenvolvimento em solos de terra firme, preferencialmente em locais com clima tropical úmido, mas também se adapta bem a regiões de clima subtropical. As adubações devem ser feitas com base na análise de solo. A espécie responde muito bem à adubação orgânica. Por isso, se houver disponibilidade de esterco ou composto orgânico, aplique 20 litros na cova de plantio. É importante que o esterco esteja bem curtido, caso contrário, ele poderá ser prejudicial. Uma planta adubada com esterco tem crescimento 50% superior no primeiro ano.
>>> ESPAÇAMENTO Não existe definição baseada em dados de pesquisa sobre o espaçamento ideal para o mogno-africano. Na prática, alguns agricultores têm adotado medidas que variam de 4 x 4 metros a 5 x 5 metros. O desbaste deve ser efetuado quando as copas se encontram, de tal forma que o espaçamento final seja de 8 x 8 metros ou 10 x 10 metros. Em sistemas agroflorestais, quando envolve o cupuaçuzeiro, por exemplo, o espaçamento deve ser de 15 metros entre as linhas e de 10 metros dentro delas.
>>> PRODUÇÃO Entre 15 e 20 anos, o mogno-africano atinge a idade de corte. Com os cuidados necessários, como controle de mato, adubação e verificação de doenças, o fuste deverá estar com 12 a 15 metros de comprimento e diâmetro entre 60 e 80 centímetros.

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